Portugal todo está em crise, sendo que o presidente Cavaco Silva é odiado, bem como o demissionário primeiro-ministro José Sócrates. Todos se consideram “à rasca”, ou seja, “em situação de desespero”, inferiorizados em relação aos países de economia mais estável, como por exemplo o Brasil.
A saída para a crise é difícil. Buscando uma alternativa, artistas e artesões tentam sair da crise. Em Coimbra, não há uma Feira de Artesanato como a do Largo da Ordem, de Curitiba, no sul do Brasil. Ocorrem feiras esparsas, uma vez por mês. E para participar destas feiras paga-se altas taxas, de cerca de € 150 euros (R $ 341,13 reais).
Empreendedores
A saída para os artesões, então, é sair aventurando-se por outros países, buscando oportunidades. Devido aos altos impostos que pagam os artesões e artistas, eles consideram que Portugal não apoia o empreendedorismo. Não há algo como o Sebrae brasileiro (Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário). Nem linhas de crédito disponíveis para que artistas e artesões possam desenvolver sua arte.
Esta é a situação de dois artesões das feiras de Coimbra, que me falam com exclusividade sobre seus problemas. Fomos encontrá-los na Feira do Mercado Quebra-Costas, uma feirinha de artesanato que acontece nos segundos sábados do mês no Arco de Almedina, a principal entrada da muralha medieval de Coimbra.
Vintage
Ana Estevão, 21 anos, artesã da cidade do Porto, trabalha com artesanato vintage. Camafeus, que se abrem para que se coloque retratos. Perfumeiras para se levar ao pescoço água benta ou perfume. Brincos e jóias de damas antigas de todos os tempos: medievais, renascentistas, da belle epoque.
A arte de Ana é feita de cristais, calendários, revistas, caixas de fósforos. Porém todo o material é muito antigo, com uma história. As bolsas de Ana são feitas de discos de vinyl, e também são encontradas em algumas lojas, onde ela deixa seus produtos em consignação. Como por exemplo a loja Maquaire, na Rua do Corvo, de Coimbra.
Consciência ecológica
Ana trabalha com artesanato há mais ou menos 5 anos, deixando para trás um emprego na área administrativa de que não gostava. O sucesso é tanto que agora o esposo ajuda nas encomendas. A única coisa que aborrece Ana é a crise de Portugal.
Paulo Dias, 43 anos, trabalha há 3 anos com materiais reciclados. “Em Portugal há consciência ecológica, as crianças aprendem na escola, faz parte de seu currículo”, explica o artista.
Recicladores
Paulo cria bases para colocar panelas feitas de tampas de garrafas de suco. E também flores com metal de latinas de refrigerante. As flores também são feitas de cápsulas de máquinas de café. Rolhas e arames de champanhe viram interessantes animaizinhos. “Tudo se aproveita”, explica.
“O Brasil é um dos maiores recicladores de lixo do mundo”, elogia o artista, que já ouviu falar da fama de Curitiba como “povo reciclador”. “Uma mala de 60 anos para mim é como uma arca do tesouro”, sorri o artista.
Ana Rita Correia liked this on Facebook.
Marina Prudente de Toledo liked this on Facebook.
Rede de Economia Criativa – REC Brasil liked this on Facebook.