Para o governo, a ideia é que o País seja um dos cinco principais destinos de viagens do mundo até 2022 e a demanda por novos hotéis fica maior
Por: Alex Ricciardi
São Paulo
O setor hoteleiro no Brasil, diante do desafio representado pela Copa de 2014, as Olimpíadas de 2016 e também devido ao crescimento natural desta atividade no País, começa a pisar no acelerador, com a perspectiva do governo federal de que os turistas gastem no Brasil, por ano, cerca de US$ 10 bilhões, até 2015. Assim, as capitais do Nordeste, em especial, estão no foco, com ações criadas pelas Secretarias de Turismo.
Em Alagoas, região considerada dona da orla marítima mais bonita do País, mais dois hotéis começarão a operar na capital Maceió. O primeiro, com 337 unidades habitacionais, é o Ritz Suítes, inaugurado há poucos dias. O segundo ficará pronto em junho. Trata-se do Meridiano, com 201 apartamentos. Há, ainda, mais dois outros hotéis que serão abertos em Maceió já no segundo semestre, um dos quais da rede Holiday Inn Express, segundo a secretária de Turismo de Maceió, Cláudia Pessoa. A capital alagoana também atraiu o grupo Salinas, que irá erguer um resort, o Salinas Japaratinga, na praia de mesmo nome, no litoral norte do estado. O empreendimento terá 400 apartamentos e o projeto já está pronto. A construção deverá começar ainda neste ano.
Outro exemplo da tendência foi o anúncio da Intercity, a qual revelou ter em projetos outros 13 hotéis que devem ser inaugurados até 2014. A Intercity gere hoje 18 estabelecimentos do tipo, 17 no Brasil e um no Uruguai. Todas as unidades serão feitas via parcerias com construtoras. Na cidade de Rio Grande (RS), por exemplo, a bandeira está ligada ao projeto da 5R Shopping Centers. Como o DCI havia antecipado, trata-se de um shopping-hotel, modelo que ganha força no mercado imobiliário local e já é um êxito em nações como China e EUA.
O complexo terá 4 torres comerciais, outras 4 torres residenciais e 2 unidades comerciais independentes, onde serão feitas uma universidade e uma loja de materiais de construção. A abertura deste hotel, especificamente, deve ocorrer no segundo semestre de 2013.
Estes e outros anúncios deram o tom dos 2 dias em que ocorreram o “Fórum Panrotas”, um dos maiores encontros brasileiros de turismo, encerrado ontem, em São Paulo. Outro destaque do evento foi a fala do ministro do Turismo, Gastão Vieira. Ele anunciou que o Brasil tem condições de ser um dos cinco maiores destinos turísticos do planeta — e isto já no começo da próxima década.
“Não é um sonho. Temos todas as condições para realmente sermos um dos cinco maiores destinos até 2022”, disse. Mais: o governo tem como objetivo fazer o País auferir uma receita cambial de US$ 10 bilhões ao ano com turismo internacional até 2015. “A estratégia é criar condições para que os turistas estrangeiros gastem mais aqui e mostrar o potencial do Brasil, atraindo visitantes tanto para as cidades históricas como para o turismo de aventura, para a Amazônia e para o turismo de sol e mar”, como explicou Vieira.
Entre as várias táticas elencadas pela autoridade para elevar a competitividade brasileira em turismo e aumentar a chegada ao País de visitantes estrangeiros estão a desoneração tributária para o setor e a busca de novos mercados — em especial o dos turistas dos países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), alem da remoção de entraves burocráticos para uma maior integração com o turismo dos países vizinhos, como Argentina e Uruguai.
Empregos
Em 2011, perto de 7,65 milhões de brasileiros trabalharam em atividades que se referem ao turismo. O resultado fez do Brasil o 5º país que mais emprega seus cidadãos em turismo no mundo de acordo com um levantamento do Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC, na sigla inglesa). Este número tende a aumentar ainda mais, segundo o documento. A previsão da entidade é que a geração de empregos em turismo no Brasil cresça 5,1% em 2012.
Por sinal, o presidente do WTTC, David Scowsill, esteve ontem no Panrotas. Ele comentou que uma de suas tarefas nessa visita ao Brasil é a de convidar empresas sul-americanas a integrarem o conselho da entidade. Hoje não há companhias da região associadas ao WTTC. Scowsill convidou Luís Paulo Luppa, da Trend Operadora, para se filiar ao WTTC — o executivo aceitou o convite. A Trend teve mais de 3 milhões de diárias hoteleiras vendidas em 2011 (1,2 milhão internacionais e 2,2 milhões nacionais) e é líder nacional na atividade de venda de hotéis on-line para agências de viagens, segundo Luppa.
Aviação
Na tarde de ontem, houve no Panrotas uma palestra dada pelos líderes de quatro empresas aéreas: José Efromovich, da Avianca; Constantino Júnior, CEO da Gol; Marco Antonio Bologna, Presidente da TAM; e Mariano Recalde, presidente da Aerolíneas Argentinas. Bologna, indagado acerca das perspectivas da fusão LAN/TAM, afirmou: “A Latam não será uma companhia aérea, ela será um grupo de companhias aéreas. Estamos em busca de escala”. Do ponto de vista dos programas de fidelização, disse ele, serão mantidas as identidades de cada companhia. As integrações possíveis entre as empresas — de malha aérea, em especial — gerarão entre US$ 600 milhões a 700 milhões em economia para ambas as companhias de aviação quando postas em prática, disse.