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ECONOMIA CRIATIVA E CARNAVAL

Além dos feriados e datas comemorativas que tradicionalmente movimentam a economia, como o Natal ou Dia das Mães, o Carnaval promete esquentar cada mais o ritmo de atividades das pequenas empresas brasileiras.
Confesso que além do som da bateria, me encanto com esse momento que valoriza a singularidade, o simbólico e aquilo que é mais intangível: a criatividade. Me incomodo bastante quando ouço afirmações que olham para o carnaval apenas como economia do jogo do bicho, da lavagem de dinheiro ou do tráfico de drogas. Carnaval é bem mais do que isso!
Cidades criativas, indústrias criativas, economia criativa. Ouço diariamente termos ou conceitos de criatividade permeando decisões de negócios. Não há empresa, nos dias de hoje, que não coloque a inovação entre os seus fatores de competitividade.

Entre modismo, ingenuidade ou ações reais, o que vale é perceber o impacto da criatividade e da inovação nos vários segmentos da economia. Diante dos desafios da construção de novos modelos de negócios e de uma sociedade mais sustentável, a chamada economia criativa abre uma nova frente de empreendedorismo e oportunidades.

Fatores competitivos intrínsecos, como redução no custo ou avanços específicos na tecnologia da informação, somente podem ser superados pela inteligência de novos modelos de negócios, novos processos e novas tecnologias decorrentes da criatividade, imaginação e inovações constantes. Este é o caminho a ser trilhado tanto por países desenvolvidos, quanto por países em desenvolvimento.
O Carnaval paulistano, por exemplo, gera mais de 4,3 mil empregos diretos e indiretos e movimenta aproximadamente R$ 90 milhões ao ano, segundo o Censo do Samba.
O modelo é o mesmo: as escolas escolhem o enredo, definem o samba, desenham carros alegóricos e fantasias e, em menos de um ano, colocam tudo isso na avenida com a emoção e o comprometimento de toda a comunidade. Se as chuvas ou o fogo destroem tudo, não há porque desanimar. Existe uma causa que norteia as decisões do grupo e faz com que todos arregacem as mangas para recomeçar.
Quem tem mais sucesso? Aquele que conseguir ser mais criativo.
Intuitivamente, o Carnaval leva empreendedores a desenvolver sua capacidade não só de criar o novo, mas de reinventar, diluir paradigmas tradicionais, unir pontos aparentemente desconexos e, com isso, equacionar soluções para novos e velhos problemas.
A “concorrência” entre vários atores criativos, em vez de saturar o mercado, atrai e estimula a atuação de empresas, poder público e sociedade. Juntos, todos torcem pelo sucesso da maior festa onde contextos culturais, econômicos e sociais diferentes se misturam e tornam-se um.
Entre o universo simbólico do carnaval e o mundo concreto da economia, a criatividade é o catalisador do valor capaz de gerar desenvolvimento. Fortalecer espaços de economia criativa é uma oportunidade de resgatar o cidadão e o consumidor através daquilo que os faz comum e que emana de sua própria formação e raízes.
Cultura e economia sempre andaram juntas, basta acompanhar a arquitetura, artesanato, cinema, design, festas populares, games, gastronomia, moda, música, softwares, publicidade, rádio, teatro, televisão, turismo…. Não há barreiras para negócios que envolvam criatividade e emoção.

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